Rafael Porto, novo pesquisador do ICTP-SAIFR, fala sobre suas linhas de pesquisa

Written by Ricardo Aguiar on January 21st, 2015. Posted in Blog do ICTP-SAIFR

Com bolsas da Simons Foundation e da Fapesp, Porto terá uma posição similar à chamada de Tenure Track nos Estados Unidos e estudará Cosmologia e Física de Partículas 

porto

Conversei essa semana com Rafael Porto, o mais recente pesquisador do ICTP-SAIFR.  Porto chegou ao Brasil há menos de uma semana e já começou a trabalhar. Antes disso fazia pós-doutorado no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos Estados Unidos, mas foi atraído pela oportunidade de fazer parte do ICTP-SAIFR. Além disso, como é uruguaio, foi uma chance de voltar para mais perto de casa.

“A ideia do ICTP é promover a pesquisa em ciência básica em países menos desenvolvidos”, diz ele. “Então, além de estar em um ótimo ambiente para se fazer pesquisa e promover a ciência na América do Sul, também posso estar mais perto da família”.

Tenure-track

A posição que Porto irá ocupar, na verdade, ainda não é permanente. É similar à chamada de Tenure Track nos Estados Unidos. Ela é fruto de duas bolsas conquistadas pelo ICTP-SAIFR, em janeiro de 2014, da Simons Foundation – uma instituição norte-americana que promove pesquisa em ciência básica e matemática ao redor do mundo.

O sistema, não muito comum no Brasil, funcionará assim: o pesquisador receberá, ao longo dos próximos dois anos, uma bolsa conjunta da Simons-Fapesp para realizar seus projetos de pesquisa. Durante esse período, estará em constante avaliação e terá a oportunidade de ser efetivado. A vantagem desse método de contratação, para as universidades ou institutos de pesquisas, é a chance que eles têm de conhecer o pesquisador antes de efetivá-lo.

Pesquisa

Um dos principais interesses de Porto está na área de Física de Partículas e Teoria de Campos Efetiva. O pesquisador buscará entender quais foram as condições iniciais do universo que fizeram com que as grandes estruturas cósmicas, como as galáxias, se formaram e se distribuíram da maneira como nós as vemos hoje.

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Galáxia de Andrômeda. (Crédito: NASA/Swift/Stefan Immler (GSFC) e Erin Grand (UMCP)

Segundo o pesquisador, se o universo estivesse distribuído de maneira uniforme as galáxias não existiriam – não haveria regiões de maior densidade de matéria e outras sem matéria alguma.

“Achamos que durante o período de Inflação, que ocorreu logo após o surgimento do universo e que é caracterizado por uma rápida expansão, houve algum tipo de perturbação que permitiu a formação das estruturas que observamos hoje”, afirma Porto. “Mas quais são os mecanismos que causaram essa perturbação?”

Uma das maneiras de se tentar chegar às respostas é estudando a radiação cósmica de fundo. Essa radiação é proveniente do início do universo, portanto pode oferecer pistas sobre esse tempo. Ela surgiu quando, logo após o surgimento do universo, os fótons deixaram de ser “presos” por elétrons e prótons e passaram a viajar livremente pelo espaço.

CMB

Flutuações na radiação cósmica de fundo, detectadas pelo satélite COBE (Cosmic Background Explorer).

“Meu trabalho, então, será aplicar ideias originalmente desenvolvidas em Física de Partículas, de pequenas escalas, para estudar e entender a dinâmica de grandes escalas, como a de galáxias e do universo”.