Física e filosofia

Written by Ricardo Aguiar on October 26th, 2015. Posted in Blog do ICTP-SAIFR

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Rogério Rosenfeld participa de debates com Antônio Cícero no 5º Ciclo Arte e Ciência, e discute sobre o que atualmente sabemos e não sabemos a respeito do universo

Ao longo das últimas semanas, Rogério Rosenfeld, atual diretor do IFT/Unesp e vice-diretor do ICTP-SAIFR, participou de uma série de debates para falar sobre ciência e sobre sua área – desde o universo microscópico da Física de Partículas até o macroscópico das galáxias e do universo. Os eventos fizeram parte do 5º Ciclo Arte e Ciência, que reúne profissionais de diferentes áreas para uma série de palestras e debates em cidades espalhadas pelo Brasil.

Rogerio

Clique aqui para ver uma das palestras de Rogério Rosenfeld no 5º Ciclo Arte e Ciência.

“Gostei de participar da iniciativa, pois tive a oportunidade de falar sobre ciência e sobre a minha área para o público geral e acho que fazer divulgação científica é essencial”, diz Rogério.

Dos quatro debates que Rogério participou, três foram com o filósofo Antônio Cícero. O tema dos eventos foi o universo: como está hoje o diálogo entre física e filosofia quando se trata da sua origem e de seus mistérios, como matéria e energia escura?

O que sabemos que sabemos        

Em suas palestras, Rogério falou primeiro sobre “o que sabemos que sabemos” em relação ao universo. No extremo microscópico, aprendemos ao longo dos séculos que a matéria é constituída por átomos, que eles são divisíveis em elétrons e núcleo, e que o núcleo é composto por nêutrons e prótons. Com o avanço da ciência, descobrimos que até essas partículas podem ser quebradas em quarks. Assim, foi criado o Modelo Padrão – uma espécie de tabela periódica das partículas elementares da natureza. A última grande descoberta da área foi a detecção do Bóson de Higgs pelo LHC em 2012, que completou o Modelo.

SM

Já no extremo macroscópico, sabemos a idade do universo – 13,7 bilhões de anos -, sabemos que ele não é estático – está expandindo – e, em 1998, descobrimos que, ao contrário do que todos pensavam, a expansão é acelerada. Sabemos também que o universo é composto por apenas cerca de 5% de matéria como a conhecemos – 24% é matéria escura e 71% é energia escura.

O que sabemos que não sabemos

Em seguida, Rogério falou sobre “o que sabemos que não sabemos”.

“Há muito que não sabemos sobre o universo, mas pelo menos sabemos que não sabemos, e isso já é muito importante”, disse Rogério.

Um exemplo disso é a existência de partículas além do Modelo Padrão – há a possibilidade de que existam partículas no universo que nós não conseguimos observar até hoje. Também sabemos que não sabemos do que é feita a matéria escura e o que é a energia escura, responsável pela misteriosa aceleração da expansão do universo.

“Só não falei sobre o que não sabemos que não sabemos porque…eu não sei”, brincou o pesquisador.

Debate

Em sua palestra, Antônio Cícero falou, principalmente, sobre o Ápeiron. A palavra de origem grega, que significa “ilimitado, infinito”, se refere à ideia central de uma teoria cosmológica criada por Anaximandro, no século VI a.C. De acordo com ela, a realidade última, chamada de arché, é eterna e infinita e não está sujeita a idade ou desintegração.

Rogério provocou Antônio Cícero afirmando que, na Física, o infinito não existe.

“Quantos grãos de areia existem em uma praia? Quantos átomos no planeta? São muitos, mas não infinitos. Quando, em uma teoria, encontramos um “infinito”, sabemos que há um problema com ela”.

O debate seguiu com perguntas do público e, ao final, Rogério e Cícero concordaram que, apesar da origem da Filosofia e da Física ser a mesma, hoje as áreas são bastante diferentes.

Para saber mais sobre o Ciclo Arte e Ciência e seus eventos, clique aqui.